quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Brilhante crônica de Ferreira Gullar na Folha, sobre o PT de Dilma e Lula.

Recebi o texto abaixo, e após ler, resolvi posta-lo. Interessante os fatos politicos que norteiam o PT do Lula e da Dilma. Essa turma muda o discurso e as companhias com muita facilidade.!

FERREIRA GULLAR  - da FSP

Ao chegar à Presidência da República, Lula adotou os
programas contra os quais batalhara anos a fio.

FAZ MUITOS ANOS já que não pertenço a nenhum partido
político, muito embora me preocupe todo o tempo com os problemas do país e, na
medida do possível, procure contribuir para o entendimento do que ocorre. Em
função disso, formulo opiniões sobre os políticos e os partidos, buscando
sempre examinar os fatos com objetividade.

Minha história com o PT é indicativa desse esforço por ver
as coisas objetivamente. Na época em que se discutia o nascimento desse novo
partido, alguns companheiros do Partido Comunista opunham-se drasticamente à
sua criação, enquanto eu argumentava a favor, por considerar positivo um novo
partido de trabalhadores. Alegava eu que, se nós, comunas, não havíamos
conseguido ganhar a adesão da classe operária, devíamos apoiar o novo partido que
pretendia fazê-lo e, quem sabe, o conseguiria.

Lembro-me do entusiasmo de Mário Pedrosa por Lula, em quem
via o renascer da luta proletária, paixão de sua juventude. Durante a campanha
pela Frente Ampla, numa reunião no Teatro Casa Grande, pela primeira vez pude
ver e ouvir Lula discursar.

Não gostei muito do tom raivoso do seu discurso e,
especialmente, por ter acusado "essa gente de Ipanema" de dar força à
ditadura militar, quando os organizadores daquela manifestação -como grande
parte da intelectualidade que lutava contra o regime militar- ou moravam em
Ipanema ou frequentavam sua praia e seus bares. Pouco depois, o torneiro
mecânico do ABC passou a namorar uma jovem senhora da alta burguesia carioca.

Não foi isso, porém, que me fez mudar de opinião sobre o PT,
mas o que veio depois: negar-se a assinar a Constituição de 1988, opor-se
ferozmente a todos os governos que se seguiram ao fim da ditadura -o de Sarney,
o de Collor, o de Itamar, o de FHC. Os poucos petistas que votaram pela eleição
de Tancredo foram punidos. Erundina, por ter aceito o convite de Itamar para
integrar seu ministério, foi expulsa.

Durante o governo FHC, a coisa se tornou ainda pior: Lula
denunciou o Plano Real como uma mera jogada eleitoreira e orientou seu partido
para votar contra todas as propostas que introduziam importantes mudanças na
vida do país. Os petistas votaram contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e, ao
perderem no Congresso, entraram com uma ação no Supremo a fim de anulá-la. As
privatizações foram satanizadas, inclusive a da Telefônica, graças à qual hoje
todo cidadão brasileiro possui telefone. E tudo isso em nome de um esquerdismo
vazio e ultrapassado, já que programa de governo o PT nunca teve.

Ao chegar à presidência da República, Lula adotou os
programas contra os quais batalhara anos a fio. Não obstante, para espanto meu
e de muita gente, conquistou enorme popularidade e, agora, ameaça eleger para
governar o país uma senhora, até bem pouco desconhecida de todos, que nada
realizou ao longo de sua obscura carreira política.

No polo oposto da disputa está José Serra, homem público, de
todos conhecido por seu desempenho ao longo das décadas e por capacidade
realizadora comprovada. Enquanto ele apresenta ao eleitor uma ampla lista de
realizações indiscutivelmente importantes, no plano da educação, da saúde, da
ampliação dos direitos do trabalhador e da cidadania, Dilma nada tem a mostrar,
uma vez que sua candidatura é tão simplesmente uma invenção do presidente Lula,
que a tirou da cartola, como ilusionista de circo que sabe muito bem enganar a
plateia.

A possibilidade da eleição dela é bastante preocupante,
porque seria a vitória da demagogia e da farsa sobre a competência e a
dedicação à coisa pública. Foi Serra quem introduziu no Brasil o medicamento
genérico; tornou amplo e efetivo o tratamento das pessoas contaminadas pelo
vírus da Aids, o que lhe valeu o reconhecimento internacional. Suas
realizações, como prefeito e governador, são provas de indiscutível
competência. E Dilma, o que a habilita a exercer a Presidência da República?
Nada, a não ser a palavra de Lula, que, por razões óbvias, não merece crédito.

O povo nem sempre acerta. Por duas vezes, o Brasil elegeu
presidentes surgidos do nada -Jânio e Collor. O resultado foi desastroso. Acha
que vale a pena correr de novo esse risco?
Fonte: www.folha.com.br 

Um comentário:

  1. Cara Elaine
    Esta senhora tem toda a razão!!
    Tambem sou sem partido.Sou trabalhador,pois trabalho muito alem das horas normais,dou duro para viver e sustentar minha familia,levar meus principios adiante e estende-los aos meus filhos!!Mas me vejo derrotado quando este governo vem com esta roubalheira "desordenada" que assola este pais!!Eu graças ao bom Deus faço a minha parte ,agora esta gente não!!
    É um desrespeito com o cidadão brasileiro,que trabalha e dá duro!
    A velha maxima de que: dê a vara e ensine a pescar!Não esta na moda e sim esquecida!

    Obs.
    Bem que o poderoso lá em cima poderia nos dar uma mãozinha!

    Lá do rio grande.

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