terça-feira, 20 de março de 2012

Saudação ao Outono

Depois de uma longa noite, ainda reluto em acordar... Finalmente abro os olhos. Viro-me de lado e deparo-me com o velho despertador, que me aguarda impaciente e se encontra em cima da mesinha de cabeceira. Verifico imediatamente o horário e, para o meu espanto, noto que já são 8h44.


Ainda sonolenta, caminho pelo quarto e vou até à janela. Ao abri-la, agradeço, por mais um dia de vida. Olho para o céu e vejo que Deus está pintando mais uma de suas obras-primas, um esplêndido quadro, intitulado Outono.

Vejo suas mãos imensas por cima das nuvens cinzentas e acolchoadas, pincelando as cores da nova estação, que desponta devagarzinho... Sinto uma paz imensa ao observar a natureza, que se adapta conforme pode com as mudanças bruscas, que se fazem necessárias.

Agora, as árvores estão recobertas por uma nova roupagem e suas folhas e flores multicoloridas até parecem truque de mágica, tal a variedade de tonalidades disponíveis.

Diante dos meus olhos, bailam tons amadurecidos, de um dourado angelical, vermelhos intensos e reluzentes, amarelos ouro, marrom, púrpura, violeta, rosa, laranja, deixando-me encantada com tamanha magnitude, desta foliage que tinge todo o universo.

As folhas secas caem preguiçosamente, em grandes proporções, se espalhando pelo chão e renovando a cor do tapete foliáceo, parecendo até nos convidar, para que nos juntemos  à elas, para um merecido descanso renovador. E Deus, com a potência de seus pulmões, sopra com vigor, trazendo-nos a brisa amena e refrescante que massageia meu rosto cansado e castigado, pelo sol escaldante do verão.

As árvores do quintal balouçam seus galhos timidamente, com as poucas folhas que ainda restam, como a querer acenar-me e dizer-me: admire esta fantástica visão, pois em breve estaremos nuas. As aves voam apressadas e atrevidas, numa algazarra generalizada, tentando aproveitar os últimos raios quentes antes da chegada do inverno.

Me penitencio diante de tamanho espetáculo e minha alma transborda de uma alegria infinita. E, mais uma vez, renovo meus votos de gratidão diante de tão perfeito criador. Sorrio como criança sapeca diante de um brinquedo novo. Me encontro em êxtase, entorpecida pelo cheiro outonal, impregnado na natureza, e a plenitude suprema toma conta do meu ser. Mas neste transe transcendental em que me encontro, vejo que mais uma vez o milagre se fez presente. Pois, o outono surgiu novamente... 

Prosa Poética de autoria de Maria Teresa Pinheiro.

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