Eu trabalho para sustentar vagabundos.

E você também! Cansei da hipocrisia que envolve o sistema penitenciário brasileiro, e resolvi escrever, desabafar com todas as letras: eu e você, pessoas de bem, pagamos nossos  impostos para sustentar vagabundos despudorados. Quando levantamos cedo todos os dias, e damos um duro danado para ganhar um salário suado, não estamos cuidando apenas do futuro da nossa família: cuidamos também de garantir um futuro tranqüilo para aqueles que vivem às nossas custas, sem a menor preocupação.

Mercado competitivo? Busca incessante por uma carreira bem  sucedida? Algumas centenas de reais pagos às instituições de ensino, anos a fio em busca de uma graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado? Trabalhe, corra, sacrifique seu sono e àquelas horas preciosas com seus filhos, afinal de contas você tem de sustentar e manter o sistema.

Hoje descobri – o que muitos já sabem, mas sofrem calados – que cada detento que engorda as estatísticas do sistema penitenciário brasileiro, custa para nós, Filhas da Pátria, cerca de R$ 1.700,00 mensais. Ficou chocado? E se eu disser que, além disso, cada apenado recebe um auxilio reclusão de cerca de R$ 800,00 reais para os filhos? Isso mesmo! Além de pagarmos 1.700,00 reais por preso, pagamos mais R$ 800,00 para os filhos do sujeito.

Enquanto nós vivemos apavorados e com medo, nos privando de liberdade, trancafiados em nossos lares, cercados por câmeras de segurança, cercas elétricas, alarmes e grades, eles – os criminosos - vivem seguros às custas do nosso suado e batalhado dinheiro. Ironia? O sujeito mata, ameaça, rouba, estupra, trafica, comete todos os tipos de crimes imagináveis e vive uma vida regada a todos os tipos de regalias: na prisão come, dorme, usa celular a vontade, consome todos os tipos de drogas – licitas e ilícitas – tem direito a visita intima (sexo a vontade), chefia quadrilhas inteiras e, tudo isso financiado por nós! Você imaginaria uma “penalização” mais severa que isso para os bandidos brasileiros?

Somos vitimas e, dentro da nossa fragilidade custeamos a segurança e bem estar daqueles que ontem, nos colocaram uma arma na cabeça ou estupraram alguém do nosso convívio. Cuidamos para que não falte nada ao criminoso que ontem vendeu drogas aos nossos filhos, ou ainda, aquele marginal que atirou e tirou a vida de alguém que agora vive apenas em nossas lembranças.

Existem alguns que invocam os Direitos Humanos pedindo “condições dignas aos presos que vivem em situação precária nas cadeias e presídios Brasil a fora”. A quem vamos continuar enganando com esse discurso hipócrita? E os meus Direitos, quem defende? O meu direito de ir e vir com segurança, quem vai defender?

O sistema é falho, corrupto e injusto, não há mais como tapar o sol com a peneira. Vivemos um momento solene de uma sensação de impunidade que assola a população. Enquanto os  governantes ocupam tribunas com discurso manjado, defendendo-se atrás da burocracia, da “falta” de recursos, pessoas estão morrendo, crianças estão ficando sem os pais, e os pais estão ficando sem os filhos.

Precisamos entender que somos culpados em partes, uma vez que nos deixamos manipular por aqueles que batem a nossa porta em busca de votos, mas que na manha seguinte a eleição, esquecem nosso nome  e endereço e, isso precisa mudar. Não sou contra o custeio do sistema, pago com gosto para termos criminosos presos, mas não abro mão do meu direito de ter as mesmas garantias. O sistema tem de ser justo com ambas as partes.

Um estudo recente da ONU disse que a população carcerária no Brasil cresce vertiginosamente e que, em médio prazo não teremos grandes perspectivas de solucionar o déficit de vagas no sistema carcerário. Vamos continuar reivindicando cadeias, ao invés de escolas. Mas isso é tema para o próximo texto!

Dedico este texto a todos os pais de família que são obrigados a sustentar a família inteira com um salário de R$ 540,00.