terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Conversa com Leonel Pavan

Entrevistei hoje o ex-governador catarinense Leonel Pavan. Durante uma hora conversamos sobre a sua desistência de ser o candidato a reeleição pela Tríplice Aliança (DEM/PSDB/PMDB), sobre seu futuro político, e principalmente, sobre a reunião de ontem no diretório Municipal do PSDB de Balneário Camboriú. Sobre a decisão de não concorrer à reeleição Pavan deixou claro que não guarda magoas. Contou que foi decisão partidária e que não pediu voto aos candidatos da Tríplice Aliança para evitar crime eleitoral, uma vez que a Justiça Eleitoral poderia interpretar como uso da máquina em prol da candidatura de Raimundo Colombo (DEM) – e, esse filme Pavan conhece bem, na eleição passada quando foi eleito vice de Luiz Henrique da Silveira (PMDB), Pavan quase perdeu o mandato justamente por uma denuncia de Esperidião Amin (PP) de uso da máquina e do dinheiro público durante a campanha.

Boa sorte Dilma
Entre uma pergunta e outra foi inevitável questionar sobre a relação com o eleito vice governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB), e Pavan foi discreto em dizer mais uma vez que não concorda com algumas decisões e posicionamentos, inclusive de Pinho Moreira. Pavan elogiou alguns partidários, e revelou que torce por um bom governo de Dilma Rousseff, descartando qualquer possibilidade de compor o governo, ou o partido petista - no final de 2010 houve especulações sobre convites para ingressar no PT e no governo Federal. “Não existe a menor possibilidade. Respeito e torço para que Dilma faça um bom governo, afinal é o meu País. Tenho um bom relacionamento com Ideli Salvati (Ministra da Pesca), porém sou oposição e farei oposição. Eu respeito a minha ideologia partidária” defende.

De volta as bases
Sobre a reunião de ontem, solicitada pelo Deputado Estadual Dado Cherem para “lavar a roupa suja” (detalhes na minha coluna de sexta, dia 21), Pavan disse que “foi o momento de esclarecer mal entendidos provocados por interpretações equivocadas de algumas declarações na mídia”. O encontro aconteceu a portas fechadas na sede do PSDB em Balneário Camboriú. Além de Pavan estavam presentes Dado Cherem, o vereador Dão Koeddermann - que ameaça deixar o ninho, o vereador Fabrício Oliveira e demais lideranças da Executiva Municipal. Recentemente Koeddermann declarou que a atual crise partidária é decorrente da falta de comando no ninho em Balneário Camboriú. Ao ser questionado sobre o assunto, Pavan minimizou dizendo que o partido sofre com excesso de lideranças, mas admitiu que está de volta as bases e promete cobrar atitude daqueles que detêm mandato eletivo no Município. “Os vereadores eleitos pelo nosso partido terão de trabalhar na oposição. Nós somos a oposição e devemos nos posicionar desta maneira. Logicamente que votaremos a favor dos projetos que forem bons para a Cidade. Devemos nos manter vigilantes em relação ao governo”, destacou.

Existe oposição?
O cenário local não desconstrói a imagem nacional do PSDB. Ou seja, por aqui essa “oposição” não tem se posicionado contra o Executivo. Quando questionado sobre a ausência de oposição, Pavan defendeu partidários com argumento de que os projetos apresentados até o momento pela administração de Edson Renato Dias (PMDB) são na verdade, continuidade  de obras do governo do seu antecessor, o tucano Rubens Spernau. Neste ponto Pavan não deixa de ter razão. Para quem vive a rotina da cidade é fato que todas as obras em andamento são continuidade de projetos lançados, licitados e apresentados pelo governo Spernau. Não há nada de errado na continuidade. Pelo contrário, quem dera todas as cidades tivessem projetos continuados para o bom desenvolvimento municipal. A questão vem à tona e serve de munição para a “oposição” tucana porque durante a sua campanha, Edson Dias aplicou o discurso da renovação. Após a eleição ganha, Edson Dias tratou de continuar o que foi começado pelos tucanos, inclusive  chamando de volta peças importantes do governo Spernau para compor o seu governo. Esse discurso de Edson Dias dissolvido pela realidade politica partidária de Balneário Camboriú ainda vai render muito nos próximos meses.


A traição do DEM
A politica de Balneário Camboriú sempre foi peculiar. Não raro, assistimos partidos inteiros se rebelando e mudando de lado conforme a musica. O exemplo do momento é o DEM. Na eleição que elegeu Edson Dias prefeito, acompanhamos uma quase carnificina politica entre o PMDB e a coligação PSDB/DEM. O processo de pedido de cassação que corre na Justiça Eleitoral contra Edson Dias foi assinado por Nelson Nitz, então candidato a vice de Dado Cherem pelo DEM, partido que na semana passada fechou acordo com PMDB e passou a dar sustentação ao governo. Como explicar essa postura do DEM? Durante a eleição coligou com o PSDB. Após o pleito, Nelson Nitz assina denuncia contra Edson Dias, e hoje, o partido apóia incondicionalmente o governo do mesmo Edson Dias. Ainda filiado ao DEM, Nitz se defende afirmando que não participa do acordo, e mantém seu posicionamentos em relação ao governo. Caso a Justiça Eleitoral decida pela cassação do peemedebista, há chance eminente de Nelson Nitz assumir a prefeitura de Balneário Camboriú. Imagine a confusão jurídica, ideológica e principalmente, moral, dentro do DEM.

Coisas da política?
– Não. Diria que isso é coisa daqueles políticos que não respeitam seus eleitores. Coisa de gente que não honra sua palavra. E, desse tipo de gente a nossa política não precisa mais. O DEM de Balneário Camboriú é hoje, com suas exceções, um péssimo exemplo para a  Democracia brasileira. Existe a possibilidade de fusão nacional entre DEM e PSDB, anunciada recentemente pelo Jorge Bornhausen, um dos mais antigos partidários do País. Se confirmada, a fusão vai mudar o cenário e deixar ainda mais confusa a cabeça do eleitor.



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